Doença
afetava 422 milhões no planeta em 2014, diz OMS.
Houve aumento dos fatores de risco, como o sobrepeso e a obesidade.
O número de adultos que sofrem de diabetes no mundo quadruplicou desde 1980,
devido sobretudo à obesidade, afirma o primeiro relatório global da Organização
Mundial da Saúde (OMS) sobre essa doença crônica.
A OMS calcula que 422 milhões de adultos sofriam de diabetes
em 2014, contra 108 milhões em 1980.O estudo, um dos maiores já realizados
sobre tendências em relação à diabetes, também revelou que, em 2014, metade dos
adultos com diabetes viviam em cinco países: China, Índia, Estados Unidos,
Brasil e Indonésia.
Segundo os pesquisadores, o processo de envelhecimento da
população mundial e níveis crescentes de obesidade em todo o globo fazem com
que a diabetes esteja se tornando “um tema de saúde pública global
incontornável”.
Publicado no periódico científico “The Lancet” às vésperas
do Dia Mundial da Saúde da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece em
7 de abril, o estudo usou dados de 4,4 milhões de adultos de regiões diferentes
do mundo para estimar a prevalência de diabetes por faixa etária em 200 países.
A pesquisa revelou que, entre 1980 e 2014, a diabetes se
tornou mais comum entre os homens do que as mulheres, e que as taxas de
diabetes aumentaram significativamente em muitas nações de renda baixa e média,
como China, Índia, Indonésia, Paquistão, Egito e México.
Vida mais saudável
A diabetes tipo 2 é uma doença de longo prazo caracterizada por resistência à
insulina. Os pacientes podem se tratar com medicamentos e dieta, mas muitas
vezes a doença pode durar a vida toda e é uma importante causa de cegueira,
falência dos rins, ataques cardíacos, derrames e amputação dos membros
inferiores.
“A obesidade é o fator de risco mais importante da diabetes
tipo 2, e nossas tentativas de controlar os índices crescentes de obesidade não
se mostraram bem-sucedidas até o momento”, disse Majid Ezzati, professor do
Imperial College, de Londres, que conduziu a pesquisa da OMS.
Margaret Chan, diretora-geral da OMS, disse que a descoberta mostrou a
necessidade urgente de abordar dietas e estilos de vida em todo o planeta.
“Se for para obtermos algum avanço na interrupção do aumento
do diabetes, precisamos repensar nossas vidas cotidianas: comer de maneira
saudável, praticar atividades físicas e evitar o ganho de peso excessivo”,
afirmou em declaração na sede da OMS em Genebra.
“Mesmo nos contextos de maior pobreza, os governos precisam
fazer com que as pessoas tenham condições de fazer estas escolhas saudáveis e
os sistemas de saúde sejam capazes de diagnosticar e tratar pessoas com
diabetes”.
O estudo mostrou que o noroeste da Europa tem a menor
incidência de diabetes entre mulheres e homens, mas que nenhum país testemunhou
uma redução relevante na prevalência da doença.
Como evitar
Se você tem excesso de peso ou cintura muito larga, pode evitar ou atrasar a
diabetes tipo 2 mantendo uma dieta saudável e sendo mais ativo fisicamente.
Estima-se que cada quilo a mais aumente o risco da doença em 16%.
Não foi comprovado que algum método de perda de peso
específico seja mais efetivo do que os outros.
Recomenda-se uma dieta rica em vegetais, que tenha poucas
calorias e muitas vitaminas e minerais, temperados com gorduras saudáveis como
azeite de oliva, acompanhados de nozes, castanhas e peixes.
As proteínas também são importantes. Entre as boas fontes
estão carne sem gordura e não-processada, lentilhas, iogurte grego, ovos, grãos
e, novamente, as nozes, castanhas e peixes.
E frutas: ainda que as tropicais tenham muito açúcar, isso
não quer dizer que precisam ser banidas.
Fazer exercício é essencial para ter uma boa saúde, mas
lembre-se de que atividades comuns contam: caminhar, limpar a casa, brincar com
as crianças – qualquer coisa que faça você se movimentar ajuda a controlar seu
peso e pode reduzir o nível de açúcar no sangue, pois contribui para que o
corpo use insulina mais efetivamente.
Beber água com frequência se confunde sede com fome e, por
isso, é aconselhável se manter hidratado se você está comendo bem.
A melhor bebida é a água, que não tem calorias e não há
nenhuma dúvida de que faz bem. Outras bebidas costumam ter muito açúcar ou
contêm cafeína e aditivos.
Refrigerantes, bebidas energéticas e cafés com muito leite
são particularmente ruins.
Considere as bebidas adoçadas com substâncias artificiais
como um luxo que você se dá às vezes, pois há provas de que elas aumentam nosso
desejo de consumir alimentos doces.
Se você não gosta de água, acrescente ingredientes como
frutas cítricas, gengibre ou hortelã. Ou tome chá de ervas.
A quantidade de água que você precisa varia, mas a urina
clara é bom sinal de que você está bebendo o suficiente.
Quanto é muito?
Em nosso mundo de porções extra grandes, é difícil saber qual o tamanho de uma
porção sensata.
Não apenas o tamanho das porções cresceu nos últimos anos,
mas também o dos pratos. A fórmula é simples: pratos menores = porções menores.
É mais fácil conseguir uma porção ideal em um prato menor, e
muitos de nós enchemos os pratos sem nos importar com seu tamanho.
Use sua mão como guia
Sua mão é um ótimo medidor para o tamanho da porção ideal.
Uma porção de proteína deve ser mais ou menos do tamanho da palma da sua mão;
uma de cereal ou massa, do tamanho do punho; manteiga e azeites devem caber na
ponta de seu dedo.
Congele o que sobrar
Cozinhar grandes quantidades é bom para economizar tempo, mas vira um problema
se você não resiste e acaba repetindo.
Guarde as sobras imediatamente para deixá-las prontas para
as próximas refeições. Se estiverem congeladas, e não na geladeira, é menos
provável que você belisque.
Dieta rígida e reversão
Novos estudos mostraram que os níveis de açúcar no sangue de pessoas que sofrem
de diabetes tipo 2 podem se normalizar quando elas adotam uma dieta muito baixa
em calorias durante oito semanas.
Os investigadores selecionaram indivíduos altamente
motivados, que tinham mais possibilidade de seguir a dieta, e os mantiveram sob
rígida supervisão médica.
O estudo indica que uma perda de peso significativa reduz a
quantidade de gordura presente no fígado e no pâncreas.
Isso, por sua vez, causou um funcionamento melhor da
insulina e o retorno a níveis normais de açúcar no sangue.
Os resultados foram menos animadores no caso de
participantes que haviam tido diabetes tipo 2 durante mais de quatro anos.
Ainda que a pesquisa seja promissora, ainda é preciso obter
mais detalhes. Além disso, a perda de peso tem que se manter para que os
benefícios continuem.
Isso é difícil – e muita gente tem dificuldade em seguir
dietas restritivas.
Por isso, uma mudança no estilo de vida que inclua
exercícios e rotina pode ser preferível e mais fácil de manter.
Tentar uma dieta rígida sem assistência médica pode ser
perigoso. Por isso, é importante consultar um médico antes de começar uma
dieta.
Matéria publicada no G1.